Doenças
Endocardite Infecciosa
Endocardite Infecciosa
A endocardite infecciosa é uma infecção grave que envolve o endocárdio (que é a camada que recobre toda a parte interna do coração e suas valvas). As valvas são como portas, elas devem se abrir deixando o sangue passar e depois devem se fechar para evitar que o sangue retorne.
Volte à aba Coração normal nas crianças maiores e adultos para entender melhor o funcionamento das valvas no coração.
A maioria dos casos ocorre em corações que já apresentavam alguma condição prévia (principalmente cardiopatias congênitas como algum buraquinho, alguma valva já alterada ou até cirurgia cardíaca prévia). As pessoas com maior risco para endocardite infecciosa são as que têm cardiopatias com cianose (paciente roxinho por baixo conteúdo de oxigênio no sangue), cirurgia cardíaca recente, presença de valvas artificiais no coração (quando é necessário trocar alguma valva do coração, e esta é substituída por uma prótese) e pessoas que já tiveram febre reumática.
O sangue pode ter velocidade aumentada através desses defeitos, danificando essa camada interna do coração e valvas (endocárdio). Se houver excesso de bactérias na corrente sanguínea, elas podem se aderir a esses “machucados” sendo recobertas por elementos do sangue (plaquetas, leucócitos, hemáceas, fibrina…) formando uma massa que chamamos de vegetação (setas amarelas) que funcionam como barreiras, dificultando a penetração dos antibióticos para tratar esse tipo de infecção. Os agentes infecciosos (geralmente bactérias mas também fungos…) vão danificando as valvas (pode haver perfuração, formação de abscessos…), sendo frequente a perda da capacidade de fechamento completo da valva, fazendo com que o sangue retorne para a câmara de onde foi bombeado e causando sobrecarga dessas câmaras. Na figura, vocês podem observar endocardite das valvas tricúspide e mitral.
Os sintomas inicialmente são inespecíficos e podem incluir febre, calafrios, perda de peso, dor nas juntas, fadiga…
O médico pode suspeitar de endocardite quando aparece um novo sopro no coração (um barulhinho diferente entre as batidas do coração) ou quando esse sopro fica diferente de como era antes, principalmente naqueles pacientes com aqueles fatores de risco que já comentei acima.
O diagnóstico pode ser confirmado quando cresce alguma bactéria no sangue do paciente (através de um exame de laboratório chamado hemocultura) e/ou quando há imagem sugestiva de vegetação ao ecocardiograma (às vezes, além do ecocardiograma transtorácico, ou seja: realizado no tórax como habitual, pode ser necessário a realização de ecocardiograma transesofágico, passando-se um tubinho pelo esôfago, como se fosse uma endoscopia, para analisar algumas estruturas do coração mais de pertinho). O tratamento é realizado com antibióticos (pela veia) durante algumas semanas. A endocardite infecciosa é uma infecção grave, havendo risco de morte quando não tratada.
Em alguns casos de risco aumentado para endocardite infecciosa e quando o paciente já teve endocardite previamente, pode ser necessário o uso de antibióticos profiláticos (para prevenir a possibilidade de endocardite) quando o paciente for submetido a algum procedimento (alguns tratamentos específicos de dente, retirada de amígdalas…) com maior risco de disseminação de bactérias para a corrente sanguínea. O acompanhamento regular por um cardiologista pediátrico de confiança é importante em todas as cardiopatias congênitas e só ele poderá orientar o paciente e sua família quanto à necessidade ou não de uso de antibiótico profilático diante de algum procedimento.
A higiene bucal adequada com visitas regulares ao dentista é MUITO IMPORTANTE em todos os pacientes com cardiopatias congênitas. A boca, quando não adequadamente higienizada, pode ser fonte importante de excesso de bactérias na corrente sanguínea com risco de endocardite.